domingo, julho 30, 2006

Narrativas... (2)


Que venho procurar a Taizé? Eu diria uma espécie de experimentação com aquilo em que acredito muito profundamente, nomeadamente que aquilo a que geralmente se chama religião tem a ver com a bondade. Está um pouco esquecido, em particular em várias tradições do cristianismo. Quero dizer que há uma espécie de restrição, de fechamento na culpabilidade e no mal. Eu não subestimo de forma nenhuma este problema, que muito me ocupou durante várias décadas. Mas, aquilo que de alguma forma tenho necessidade de verificar, é que por muito radical que seja o mal, não é tão profundo como a bondade. E se a religião, as religiões, têm um sentido, é o de libertar o fundo de bondade dos homens, de ir procurá-lo aí onde ele está completamente escondido. Ora, aqui em Taizé, eu vejo irrupções de bondade na fraternidade entre os irmãos, na sua hospitalidade tranquila, discreta, e na oração, onde vejo milhares de jovens que não têm articulação conceptual do bem e do mal, de Deus, da graça, de Jesus Cristo, mas que têm um tropismo fundamental em direcção à bondade."

Paul Ricoeur, durante a sua estada em Taizé na Semana Santa de 2000

[texto e foto encontrados aqui ]

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