O Spiritual Work Group do International Work Group on Death, Dying, and Bereavement publicou em 1990 trinta e um pressupostos e princípios sobre cuidados espirituais aos pacientes e suas famílias, profissionais de saúde, comunidades, investigação e educação nesta área[1]. Estes pressupostos reconhecem que todas as pessoas têm uma dimensão espiritual, que expressam de diferentes formas e que influencia como os pacientes e seus cuidadores experienciam a doença, o morrer ou o luto.
Elizabeth Taylor propõe-nos uma selecção de doze daqueles pressupostos e princípios [2]:
- Pressuposto: Cada pessoa tem uma dimensão espiritual.
- Princípio: No cuidado total, a natureza espiritual da pessoa deve ser considerada tanto quanto as dimensões física, mental, emocional.
- Pressuposto: Numa sociedade multicultural a natureza espiritual de cada pessoa é expressa por crenças religiosas e filosóficas e as práticas diferem substancialmente, dependendo da raça, do género, do estatuto social, da religião, da etnia e da experiência de cada um.
- Princípio: Uma única abordagem de cuidados espirituais não é suficiente em sociedades multiculturais; são necessários muitos tipos de recursos.
- Pressuposto: A espiritualidade tem muitas facetas. Expressa-se e desenvolve-se por caminhos formais e informais, religiosos e laicos.
- Princípio: Deve estar disponivel e acessível uma grande variedade de oportunidades para expressar e desenvolver a espiritualidade.
- Pressuposto: O ambiente molda e pode desenvolver ou prejudicar a espiritualidade.
- Princípio: Os planos de cuidados devem considerar as preferências individuais e experiências comunitárias.
- Pressuposto: Os clientes podem ter já um modo de satisfazer as suas necessidades espirituais de forma satisfatória.
- Princípio: Os enfermeiros deverão respeitar a forma como os clientes satisfazem as suas necessidades espirituais.
- Pressuposto: As necessidades espirituais dos clientes podem variar no decurso de uma doença.
- Princípio: Os enfermeiros precisarão estar atentos à variação das preocupações espirituais que podem ser expressas nas diferentes fases da doença.
- Pressuposto: As necessidades espirituais podem surgir a qualquer hora e em qualquer dia.
- Princípio: Um ambiente cuidativo deverá estar preparado para promover cuidados espirituais em qualquer momento.
- Pressuposto: Os seres humanos têm diferentes níveis de desenvolvimento espiritual, crenças e formas de conhecimento.
- Princípio: Os enfermeiros deverão conhecer vários sistemas de crenças e compreender a interpretação que o cliente faz deles.
- Pressuposto: Os clientes e as suas famílias podem ter diferentes crenças espirituais e não estar conscientes disso.
- Princípio: Os enfermeiros deverão conhecer as diferentes crenças dos membros da família e estar atentos às dificuldades que isso pode provocar.
- Pressuposto: A forma como cada cliente e família deseja analisar e partilhar problemas espirituais é muito individual.
- Princípio: Os enfermeiros devem ser sensíveis aos desejos individuais e não ser intrusivos.
- Pressuposto: Os clientes nem sempre estão conscientes ou capazes, ou desejam falar de questões espirituais.
- Princípio: Os enfermeiros, conscientes que o cliente não quer partilhar com eles questões espirituais, devem providenciar o acesso a outros recursos que o cliente deseje.
- Pressuposto: O crescimento e cura espiritual podem ocorrer sem ajuda. Muitas pessoas não desejam nem precisam de assistência profissional no seu crescimento espiritual.
- Princípio: A afirmação da disponibilidade de ajuda espiritual, se desejada, pode ser tudo quanto o paciente precisa.
[tradução livre]
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[1] International Work Group on Death, Dying, and Bereavement (1990). Assumptions and principles of spiritual care. Death Studies. 14(1):75-81.
[2] Taylor, Elizabeth J. (2002) - Spiritual Care. Nursing Theory, Research, and Practice. Upper Saddle River, New Jersey: Prentice Hall. p. 25-27